Em um país aficcionado pelo futebol como o nosso, é fácil responder essa pergunta. Encerrada as rodadas do fim de semana é hora da resenha. Eu queria muito estar falando do aumento de competitividade do Brasileirão A1 Feminino, ou das jogadoras que estão tendo destaque, e até mesmo do Minas Icesp que conquistou sua primeira vitória. Mas, devido aos últimos acontecimentos que não podem ser ignorados, peço gentilmente licença para emitir uma opinião direta e provocar reflexões necessárias.
Feita a tarefinha de casa, contato com a CBF que responsabilizou o clube mandante (Flamengo) pela estrutura, e não recebendo nenhuma resposta da assessoria rubro-negra até o momento, já ia começar a me questionar sobre até quando vamos precisar cobrar o óbvio. Esquece! Mal deu tempo de postar sobre isso nas redes sociais. Outra cena lamentável veio à tona.
Rodada do campeonato mineiro (masculino), Atlético x Caldense. O Galo perdeu o jogo por 2×1, mas não foi só isso. A equipe feminina foi apresentada à torcida antes do início do jogo, e o mascote em um gesto “natural”, segurou a zagueira Vitória Calhau pela mão, fez ela dar uma “voltinha” e saiu diante da câmera esfregando as mãos e sinalizando como se tivesse acabado de receber um Filé Mignon como refeição do dia. Foram necessárias 20 horas para que o clube se comunicasse sobre o episódio. Para mim e tantos outros torcedores e jornalistas que presenciaram a cena, bastaram alguns segundos para reagir com repúdio.
Passado esses acontecimentos, eu pergunto: o que fazer em um domingo pós futebol?
Eu queria muito falar de gols e da competição em si. Mas é preciso parar e pedir respeito. Dos clubes, dos torcedores e da sociedade. O machismo presente em atitudes como estas, destrói com vigor o argumento de valorização que alguns clubes tentam levantar forçadamente. Mas em geral, tudo fica só na promessa.
Não é tão difícil rever posturas, promover reflexões e passar a respeitar de verdade o Futebol Feminino. Já tem clubes fazendo isso no Brasil e no resto do mundo. O ato de fechar os olhos e agir com descaso e machismo, é uma escolha consciente.