Em entrevista ao Fut das Minas, treinador falou sobre o trabalho vitorioso na base e o futuro como treinador
Por: Vitória Soares e Mariana Santos
Pouco mais de 20 dias após a eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo Feminina da Austrália e Nova Zelândia, a CBF começa a fazer mudanças na seleção feminina. Nos últimos dias, a entidade anunciou uma reformulação no departamento da seleção e promoveu diversas demissões.
A primeira saída foi a da supervisora, Mayara Bordin. Depois, a auxiliar técnica da seleção Sub-20, Bia Vaz também foi demitida. Em seguida, foi a vez de Ana Lorena Marche anunciar o seu desligamento do cargo de coordenadora de seleções. Thiago Mehl, preparador de goleiras, também deixou o cargo. Mas nesta semana, a demissão do técnico da Seleção Sub-20, Jonas Urias, chamou mais ainda a atenção sobre as mudanças feitas pela CBF. O último desligamento anunciado pela CBF foi o da técnica da seleção principal, Pia Sundhage.
Jonas Urias foi demitido justamente no dia em que a conquista do terceiro lugar na Copa do Mundo Feminina Sub-20 completava um ano, no dia 28 de agosto. A medalha de bronze conquistada na Costa Rica é até agora o melhor resultado das categorias de base da Seleção Feminina.
Surpresa na demissão
Contratado em agosto de 2019, ele também foi campeão Sul-Americano Sub-20 em 2022 e surgia como um dos principais nomes para assumir a seleção principal, após o fim do ciclo da técnica Pia Sundhage, que tinha contrato até agosto de 2024.
No entanto, os rumos tomados pela CBF surpreenderam inclusive o treinador, que comentou o ocorrido em entrevista ao Fut das Minas. “Eu imaginava que os resultados que conseguimos nos habilitaria a tentar conquistar novos resultados semelhantes ou melhores em uma próxima Copa do Mundo. Então, quando o trabalho é interrompido diante de todo esse contexto, surpreende um pouco, sim”, disse Jonas.
No mundial na Oceania, Jonas atuou como observador técnico da Seleção Brasileira, analisando as adversárias do Brasil na competição. Quando ele ainda estava na Austrália, participando de um congresso técnico da FIFA, a CBF anunciou que a técnica do Sub-17, Simone Jatobá, faria a convocação das seleções sub-17 e sub-19 para a disputa da Liga de Desenvolvimento das categorias. Segundo Rafael Alves, do Planeta Futebol Feminino, Simone deve assumir a Sub-20 oficialmente.
Apoio nas redes sociais
Apesar do sentimento de tristeza, o técnico se mostrou grato por todo o apoio que tem recebido nas redes sociais após o anúncio da demissão. “Acho que se foi justiça ou injustiça, eu já nem preciso mais falar sobre isso. Acho que as pessoas estão falando sobre isso mais do que eu. Acho que o mundo real está se manifestando nesse sentido, o que é confortante pra mim”, declarou.
Além da torcida, as próprias atletas que passaram pelas categorias de base se pronunciaram sobre a demissão do treinador. Para Jonas, isso é um reflexo de que os objetivos na Seleção Sub-20 foram cumpridos. “Eu saio muito satisfeito com o que foi feito. Acho que as declarações das jogadoras falam muito mais do que as minhas palavras. Elas reconhecem o desenvolvimento, a transformação, o resultado, o conhecimento de jogo, a união. São valores muito legais de se desenvolver”.
O legado do #SempreJuntas
Jonas deixa o cargo não só com bons resultados frente a seleção, mas com uma filosofia criada em todas as categorias, inclusive na seleção principal. O #SempreJuntas, como era chamado, embalou a campanha no Mundial sub-20, foi usado no Sub-17, e diversas vezes citado pela ex-comandante da seleção principal, Pia Sundhage.
Segundo Jonas, o #SempreJuntas era uma junção de valores que buscava fortalecer as atletas e trazer união ao grupo, além disso, fazer com que as seleções de base e principal tivessem maior proximidade, já que muitas atletas enfrentaram dificuldades na transição entre as categorias.
“Não era algo institucional, deixando isso muito claro. Eram ações profissionais minhas, motivações minhas e aberturas da Pia e da comissão da Pia, que também viam sentido nessa abordagem”, explicou o treinador.
Novos desafios
Sobre o futuro como treinador, Jonas afirmou que assim que foi demitido recebeu diversas propostas. “Eu já recebi algumas sondagens sim. Mais de um clube. Isso me tranquiliza, ao mesmo tempo aumenta minha responsabilidade. As pessoas me veem como alguém que eles confiam e que pode assumir seus projetos”, revelou.
O técnico falou que ainda está analisando as propostas e vai decidir junto com sua família. “Tenho meu bebê e a minha esposa que já viveu grandes aventuras do futebol ao meu lado, o Koby [seu cachorro]. Vou ouvir eles com muita calma para que eu consiga dar os próximos passos da minha carreira, para que sejam sólidos e de crescimento para mim e para o projeto que eu eventualmente venha assumir”.
Mudanças na seleção brasileira
Como parte da comissão que esteve no Mundial na Austrália e Nova Zelândia, Jonas também falou sobre as mudanças ocorridas na seleção feminina nos últimos dias. “O mais importante é que quem assuma seja alguém que conheça a nossa modalidade, que conheçam o futebol feminino que sejam da modalidade. Depois disso, é torcer para que tudo dê certo. Eu seguirei como um amante da seleção”, comentou. “É aqui que nascem as jogadoras mais incríveis, mais criativas e eu acho que tudo isso tem que ser muito muito respeitado por quem entrar”, finalizou o treinador.
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