Opinião: Efeito Pia Sundhage

Por Amanda Porfirio 

             O Brasil estreou na última quinta-feira no Torneio Uber Internacional contra a Argentina, e venceu de goleada por 5×0. Um verdadeiro chocolate pra cima das hermanas. Além da estreia da seleção no torneio, a partida marcou a estreia da nova técnica da seleção, Pia Sundhage. A expectativa era grande para analisar se os trabalhos que a sueca vêm fazendo nos treinos, iriam diferenciar o comportamento da seleção em campo. E mesmo com o resultado satisfatório de uma vitória com muitos gols, vamos analisar mais que os números por aqui. 

Marcação pressão

              A perseguição das brasileiras pela posse da bola tem sido uma característica do grupo. Nessa partida com a Argentina, o Brasil conseguiu fazer essas perseguições e pressionar as adversárias conseguindo recuperar a bola na maioria das vezes, deixando o jogo muito difícil para as hermanas. 

Posicionamento e precisão 

            Conseguimos ver uma equipe melhor posicionada em campo, preenchendo os espaços e conseguindo triangular jogadas. Também houve melhora na precisão dos passes. O Brasil andou errando menos passes nesse jogo. E nessa questão, o posicionamento correto ajuda muito. 

Gol da Formiga| Foto: Mauro Horita

Time mais ofensivo

             Sabe aquele último passe ali na entrada da área, ou até mesmo da área, que a seleção custava em acertar ou até em executar? Pois bem, isso foi bastante otimizado nesse jogo. Jogadas em velocidade, visão de jogo para dar assistência a jogadoras em melhor condição. E nisso precisamos tirar o chapéu para Debinha, Bia Zanerato, Andressa Alves e Ludmilla que conseguiram desempenhar esse papel muito bem. 

Acertou, Capitã!

            O que foi a Luana em campo nesse jogo? Raça, desempenho excepcional e valor à braçadeira. A meia conseguia boas ligações e distribuição de bola, além de brigar pela posse quando a bola era perdida. A faixa de capitã pode ficar com ela. 

Mais confiança

Time agradecendo a torcida| Foto: Mauro Horita

        A seleção estava mais confiante em campo. Não sei se o apoio de mais de 13 mil torcedores influenciou. Nós vimos uma seleção mais ousada, com jogadoras podendo demonstrar mais da sua qualidade técnica, tática e das habilidades individuais. Além, é claro, do futebol arte. Foi um show de lençóis, canetas, dribles e um futebol bonito. Deu gosto demais de ver essa seleção voltando a sorrir e a cair nos braços da torcida. 

Pia Sundhage

            E quem caiu nos braços da torcida também foi a sueca. Pia esbanjou simpatia e distribuiu sorrisos e autógrafos para a torcida, além de posar para fotos. Mas os pontos mais positivos mesmo é o efeito visível que a técnica já vem deixando na seleção. Conseguindo dar oportunidade para a nova geração, explorando as qualidades individuais das meninas e conseguindo fazer o melhor do futebol brasileiro aparecer em campo. 

          O fato é que estamos vendo a reformulação da seleção começar a acontecer. É claro que não dá para avaliar o trabalho da Pia a partir dessa partida. Além de ser a primeira, o time da argentina não tem grande expressão no futebol mundial. Mas, já dá pra se animar um pouco com o que estamos vendo. 

 

Jornalista e Profissional de Educação Física. Pernambucana, bairrista por natureza, vivendo a máxima Gonzaguista: “Minha vida é andar por esse país”. Apaixonada por futebol desde que respira. Atualmente vive em São Paulo, e tem como sonho ajudar a conduzir o futebol feminino ao topo. Fora das quatro linhas, gosta de ler, pedalar, explorar a natureza e é obcecada pela ideia de estar sempre criando algo novo.
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