A quinta rodada do Brasileirão feminino começou na última sexta-feira (12), e foi marcada por uma série de protestos que mobilizaram jogadoras do Palmeiras, Avaí/Kindermann, Corinthians, Cruzeiro, Atlético-MG, América-MG, Ferroviária, São Paulo e Botafogo.
Com a mão na boca e no ouvido, no momento da execução do hino nacional, as atletas queriam passar a mensagem de silenciamento diante dos casos de assédio e violência contra a mulher.
Em entrevista após o jogo, Tamires, do Corinthians, falou sobre os protestos e a importância desses movimentos no esporte, para combater diferentes tipos de violência.
Ainda na sexta-feira, o Cruzeiro divulgou um vídeo institucional conscientizando mulheres vítimas de violência a denunciar no 180, canal oficial da polícia especializada em violência contra a mulher.
Já na partida contra o Real Brasília, as equipes também se manifestaram em campo e a atacante do Cruzeiro, Byanca Brasil, que já esteve no Santos em anos anteriores e divulgou que também não tinha sido procurada pelo ex-clube, veio ao jogo com um penteado personalizado, trazendo o número 180.
As camisas do Cruzeiro também vão carregar o patch com o número 180 durante toda a temporada de 2024.
Repercussão internacional
Após a grande repercussão na mídia brasileira, o movimento das jogadoras ganhou destaque em mídias internacionais.
A página The Womens Game, dos Estados Unidos, destacou os protestos no clássico entre Santos x Corinthians.
Já a Femina Footbal, que cobre futebol feminino na América Latina, também deu destaque ao protesto no clássico e a fala da jogadora Daniela Arias, que atua no Corinthians e na Seleção colombiana.
O jornal britânico Daily mail, trouxe a manchete: “Jogadoras do Corinthians protestam contra a volta do técnico do Santos, Kleiton Lima, apesar de 19 acusações de assédio feitas contra ele enquanto cobrem a boca”
A agência Reuters, também britânica, trouxe em destaque: “Jogadoras do Corinthians protestam contra retorno do técnico do Santos em meio a acusações de assédio”.
O L’Equipe, maior jornal da França, trouxe na sua manchete: “Futebol feminino brasileiro protesta após retorno ao Santos de Kleiton Lima, acusado de assédio sexual no ano passado“, e destacou, especialmente, a manifestação que ocorreu no jogo entre América-MG e Atlético-MG.
Reação das jogadoras ao caso Kleiton Lima
O movimento das jogadoras começou após a repercussão do retorno do técnico Kleiton Lima ao Santos, sendo readmitido após a denúncia de assédio movida por 19 jogadoras, através de cartas anônimas.
De acordo com o clube, as denúncias foram apuradas e investigadas através de um processo administrativo, e foram consideradas “argumentos fracos e frágeis” e inverdades, abrindo caminho para o retorno do técnico.
Em entrevista exclusiva ao Fut das Minas, ex-jogadoras negaram que tenham sido procuradas pelo Santos e afirmaram que o movimento que o clube fez, desde o início, foi para inocentar Kleiton Lima.
Questionado por nossa equipe sobre a forma como foram realizadas as apurações e sobre as declarações das ex-jogadoras que afirmaram não terem sido procuradas, o Santos não respondeu. O espaço segue aberto.
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