A Copa do Mundo de 1999 marcou um momento de virada do futebol feminino. A terceira edição do Mundial sediada nos Estados Unidos, país das campeãs do mundo em 1991, confirmou o potencial que a modalidade tinha de atrair público e proporcionar grandes jogos.
Para a Seleção Brasileira, a Copa do Mundo nos EUA também representou um momento histórico. O Brasil subiu pela primeira vez ao pódio e revelaria para o mundo o talento de Sissi.
Nova taça e mais seleções
Em 1999, o número de seleções participantes aumentou, passando de 12 para 16 equipes em disputa. Além disso, nesta edição da Copa do Mundo foi apresentado um novo design da taça que conhecemos até hoje. O item mais cobiçado pelas seleções foi confeccionado em Milão por Sawaya e Moroni. O novo desenho do troféu buscava representar o dinamismo, o lado atlético e a elegância do futebol feminino.
Caminho da Seleção Brasileira
Com mais países disputando a Copa do Mundo, a primeira fase passou a contar com quatro grupos com quatro seleções cada um. O Brasil ficou no grupo B ao lado de Alemanha, Itália e México.
A Seleção Brasileira chegou para o mundial de 1999 com uma das gerações mais talentosas da história. Sob o comando do técnico Wilson Oliveira, o time seguia com grandes talentos, mas contava com nomes da nova geração. Maravilha, Nenê, Tânia Maranhão, Juliana Cabral, Cidinha Maycon, Formiga, Kátia Cilene, Sissi, Suzana, Andreia, Fanta, Grazielle, Marisa, Raque, Pretinha, Priscila, Deva e Valéria representaram a Canarinho nos EUA.
Diferente das duas últimas Copas (1991 e 1995), quando o Brasil caiu na fase de grupos, em 1999, a Seleção Brasileira não só conseguiu avançar para a segunda fase como terminou na primeira colocação do grupo B.
Na estreia, uma goleada de 7 a 1 no México. Depois, uma vitória de 2 a 0 diante da Itália. Na terceira e última partida da fase de grupos, um grande empate em 3 a 3 contra a Alemanha e a confirmação da liderança da chave com sete pontos conquistados.
Sissi e o gol de ouro
Nas quartas de final, o Brasil enfrentou uma das surpresas da Copa, a Nigéria, que foi o primeiro país africano a chegar ao mata-mata da competição. Nos 90 minutos regulamentares, o jogo terminou em 3 a 3, Cidinha (2x) e Nenê marcaram os gols brasileiros, já Emeafu, Okosieme, Egbe fizeram pelo lado nigeriano. Na prorrogação, Sissi garantiu a Seleção Brasileira pela primeira vez em uma semifinal de Copa do Mundo Feminina. A camisa 10 bateu uma falta com perfeição virando o placar em 4 a 3. O golaço marcado por Sissi é considerado um dos mais bonitos de todos os tempos da modalidade.
Campanha histórica
Depois de passar pela Nigéria, o Brasil enfrentou nas semifinais ninguém menos que os Estados Unidos, que eram donas da casa e campeãs mundiais. Por conta do futebol apresentado, o jogo era muito aguardado. Mas o talento daquela geração da Seleção Brasileira não foi páreo para a força das estadunidenses que acabaram vencendo por 2 a 0 e carimbando a vaga na final da Copa.
Na disputa pelo terceiro lugar, as Guerreiras do Brasil jogaram contra a Noruega, as campeãs da última Copa de 1995. No tempo regulamentar, a partida terminou em 0 a 0. Nas penalidades, o Brasil venceu as norueguesas por 5 e 4 e garantiu um terceiro lugar na Copa do Mundo, sendo a melhor campanha da história da Seleção Brasileira na competição naquela época.
Na grande final, um pouco mais de 90 mil pessoas estiveram presentes no estádio Rose Bowl para presenciar o bicampeonato mundial dos EUA. Com o placar zerado nos 90 minutos, Estados Unidos e China levaram a decisão para os pênaltis. As estadunidenses foi melhores e venceram por 5 a 4, sendo a primeira seleção a ganhar uma Copa do Mundo em casa.
Artilharia brasileira
A Copa do Mundo de 1999 só confirmou a grandeza de Sissi para o futebol feminino. Com o desempenho de uma autêntica camisa 10, ela terminou o mundial com sete gols marcados sendo uma das artilheiras da Copa, ao lado da chinesa Sun Wen. Sissi foi a primeira brasileira a alcançar essa marca. Além disso, ela ainda ganhou o prêmio Bola de Prata, como a segunda melhor jogadora da competição.
Tive o prazer de dirigir essa seleção de 1999, época que o apoio ao futebol feminino era quase zero, hoje as coisas mudaram, mas acho que foi uma das melhores que tivemos, Wilsinho