Os Jogos Olímpicos são um evento histórico por si só, não apenas pelo clima e valores esportivos envolvidos, mas por todas as histórias que temos vivenciado há 125 anos, desde que o primeiro festival aconteceu na cidade de Atenas, na Grécia. Com as Olimpíadas de Tóquio não será diferente.
A edição de 2020 (realizada excepcionalmente em 2021) será marcante por motivos não tão felizes. A pandemia do coronavírus afetou em cheio o calendário olímpico, fazendo com que o evento fosse adiado pela primeira vez na história. Além disso, também será a primeira vez, na era moderna das Olimpíadas, que os jogos não terão público.
Um ano após o adiamento, estamos próximos do início dos Jogos que vão acontecer entre os dias 23 de julho e 8 de agosto. Mesmo sem o controle total da pandemia no Japão, o Comitê Olímpico Internacional (COI) optou por manter o evento, com o mesmo formato, seguindo todas as medidas de segurança contra o vírus, incluindo a ausência da torcida.
Com 46 modalidades, a expectativa é que cerca de 11 mil atletas, de 206 países diferentes, estejam em Tóquio. Esta edição conta com cinco novas modalidades, que são: karatê, surf, skate, escalada e beisebol/softball. A delegação brasileira contará com 311 atletas que representarão o país em 30 modalidades diferentes.
Serão realizados mais de 339 eventos em 42 locais, ao longo dos 17 dias dos Jogos. Grande parte dos eventos ficarão concentrados na região da Grande Tóquio e, apenas alguns jogos do futebol e a maratona, acontecerão na ilha de Hokkaido, em Sapporo, no norte do país.
Olimpíada das mulheres?
Em Tóquio teremos a maior participação feminina da história dos Jogos, 48,8% dos competidores são mulheres. Nas Olimpíadas do Rio, foram 45% e em Londres 44%. Apesar desse grande passo em relação à igualdade de gênero no maior evento esportivo do mundo, ainda não estamos próximos do ideal quando se trata de alguns direitos das atletas mulheres.
Um exemplo disso foi a autorização concedida pelo COI, e pela primeira vez na história, as atletas mães e lactantes poderão levar seus bebês para o evento. Entretanto, após o Comitê Organizador anunciar medidas rígidas sobre a presença de familiares dos participantes das Olimpíadas, o COI endossou que atletas com bebês em idade de amamentação poderão levar seus filhos “ só quando necessário”.
Depois que foi promulgada, a medida gerou críticas de atletas como Alex Morgan. A jogadora americana, que tem uma filha de um ano, declarou em suas redes sociais: “Ainda não tenho certeza do que significa ‘quando necessário’. Isto é decidido pela mãe ou pelo COI? Nós somos mães olímpicas dizendo a vocês: é NECESSÁRIO. Não fui consultada sobre a possibilidade de levar minha filha para o Japão e partiremos em sete dias.”
Ausência de público
Quando as Olimpíadas foram remarcadas para 2021, a presença ou não do público se tornou um grande impasse devido ao risco de aumento da disseminação da Covid-19 no Japão. Em junho deste ano, o Comitê Organizador dos Jogos permitiu a presença do público com no máximo 50% da capacidade total das arenas e estádios.
Porém, por conta de uma nova onda de infecções no país, foi estabelecido estado de emergência em Tóquio de 12 de julho a 22 de agosto. Por isso, a organização voltou atrás e decidiu que não haverá mais público. Lembrando que, antes, só estava permitida a presença de torcedores locais, pois o Japão está proibindo a entrada de estrangeiros de 159 países.
Protocolos de segurança
Ainda que não tenha presença do público, o número de pessoas que vão circular durante as Olimpíadas ainda é alto. Por isso, foram determinadas algumas medidas contra a proliferação do Covid-19. Todos os atletas estrangeiros e as equipes de apoio terão que fazer testes ao chegar no Japão e antes de todas as competições. Não será necessário que eles fiquem de quarentena, porém todos devem ficar em bolhas. O COI não exigiu a vacinação de todos os atletas, mas é esperado que 80% deles estejam vacinados.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) vai reforçar ainda mais as medidas de segurança estabelecidas pelo COI. Em parceria com a Fiocruz, o Comitê vai levar mais de 6 mil testes de antígeno para os Jogos e, também, disponibilizar para todos os membros da delegação mais de 72 mil máscaras, 400 litros de álcool, 250 jalecos descartáveis, 70 óculos de proteção para a equipe médica e 12.500 protetores para os pés. Além disso, atletas da mesma função ou pessoas de mesma posição ficarão hospedados em quartos diferentes na Vila Olímpica de Tóquio.
Por meio de uma parceria entre o COB e o governo federal, todos os atletas da delegação e outros brasileiros que irão trabalhar em Tóquio foram vacinados. A cada dose aplicada nos 1.800 brasileiros que irão para o Japão, foram doadas duas doses pelo COI ao SUS, o que equivale a 7 mil doses adicionais destinadas à população brasileira.
Seleção Brasileira feminina de futebol em busca da terceira medalha olímpica
Tóquio será a sétima Olimpíada seguida da Seleção Brasileira. Com isso, o Brasil faz parte de um seleto grupo, junto com Estados Unidos e Suécia, a ter suas equipes femininas participando de todas as edições dos Jogos Olímpicos, desde quando o torneio de futebol feminino foi incluído no quadro de competições, em 1996.
A Seleção Brasileira já conquistou duas medalhas de prata nas Olimpíadas. A primeira foi em 2004, em Atenas, quando o Brasil perdeu a final contra os EUA por 2 a 1. A segunda veio nos Jogos seguintes, em Pequim. Mais uma vez as brasileiras enfrentaram as americanas e acabaram perdendo por 1 a 0.
Mesmo não ganhando a medalha de ouro, o Brasil sempre esteve entre as melhores seleções no futebol feminino olímpico. Em 1996 e 2000, a equipe brasileira ficou em quarto lugar, perdendo a disputa pelo bronze para Noruega e Alemanha, respectivamente.
A pior participação veio nos jogos de Londres, em 2012, quando foi eliminada para o Japão nas quartas de final. Já em 2016, disputando as Olimpíadas em casa, a seleção chegou às semifinais, mas foi eliminada nos pênaltis pela Suécia. Na disputa pela medalha de bronze, o Brasil foi superado pelo Canadá por 2 a 1, ficando novamente na quarta posição.
Agora, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, as Guerreiras do Brasil tentam conquistar a terceira medalha olímpica. Para isso, o Brasil aposta na mescla entre jogadoras jovens e experientes. Além disso, contam também com a experiência da técnica Pia Sundhage, que é bicampeã olímpica com os EUA e Suécia.
A Seleção Brasileira, que está no grupo F, vai estrear nas Olimpíadas no dia 21 de julho, onde enfrentará a China, às 5h da manhã, no horário de Brasília.
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