Brasil luta até o fim mas cai diante da França

LE HAVRE, FRANCE - JUNE 23: Monica of Brazil looks dejected following the 2019 FIFA Women's World Cup France Round Of 16 match between France and Brazil at Stade Oceane on June 23, 2019 in Le Havre, France. (Photo by Martin Rose/Getty Images)

A seleção brasileira entrou em campo hoje às 16h (horário de Brasília), no estádio Oceáne, em Le Havre/FRA, para enfrentar as donas da casa. A partida que foi à prorrogação e acabou com a vitória de 2×1 para as Francesas, esteve longe de ser um jogo fácil.

As Francesas, além do favoritismo, detiam também um apoio massivo da torcida. Um público de quase 24 mil pessoas, quase lotou o estádio, que tem capacidade máxima de 25 mil torcedores. A torcida obviamente de grande maioria francesa, fez jus ao papel de décima segunda jogadora,e literalmente “jogou com o time” do início ao fim. Já o Brasil, tinha do outro lado uma equipe mais focada, concentrada e com um jogo coletivo de encher os olhos.

Do apito inicial ao final, os dois times tentavam ir pra cima. As francesas, com uma forte linha ofensiva, tentava de várias maneiras se infiltrar na defesa brasileira, que por sua vez, se posicionava melhor e conseguia dificultar o caminho das adversárias ao gol. Um dos destaques do setor defensivo foi a lateral direita, Letícia Santos, que mesmo com sua baixa estatura diante das atacantes francesas, conseguia se colocar bem e fazer uma boa cobertura na zaga.

A França até chegou a abrir o placar no primeiro tempo, mas o gol foi anulado pela arbitragem, com auxílio do árbitro de vídeo (VAR), que sinalizou a bola tocando no braço da atacante Gauvin. E assim a primeira etapa terminou sem gols.

Segunda etapa ainda mais equilibrada

O segundo tempo começou com a França vindo pra cima com sede de gol. E assim foi, aos sete minutos,Diani sobe em velocidade pela ponta esquerda e cruza precisamente nos pés da Gauvin, que empurra a bola pra dentro das redes.

O Brasil não se afetou pelo placar e foi pra cima. Em cobrança de falta, Marta levanta a bola pra área e Cristiane manda de cabeça no travessão. Foi quase! Aos 23 minutos, Debinha sobe em velocidade e cruza pra área, Cristiane tenta e não consegue encaixar na bola, que sobra pra Thaísa que avança sozinha na área e chuta pro gol, deixando tudo igual.

O Brasil ainda virou com um gol de Tamires, em uma bola bem colocada pela Cristiane, mas a lateral estava em posição de impedimento e o gol foi bem anulado.

Com o jogo empatado, Vadão precisou fazer substituições para suprir a condição física da equipe em campo. Andressinha entrou no lugar de Formiga, Poliana no lugar de Letícia Santos e Bia Zaneratto no lugar de Ludmilla. Visivelmente a seleção brasileira perdeu muito com essas substituições. Bia não conseguia impor ritmo nos avanços pra área, Poliana tinham dificuldade pra encaixar as coberturas e conter as Francesas, e Andressinha tinha dificuldade pra distribuir a bola pelo meio.

Prorrogação decisiva

Com cansaço físico, as brasileiras começaram a prorrogação tendo dificuldade pra acompanhar o ritmo do ataque adversário. Com a necessidade de fazer longas perseguições, Tamires perdia o embate 1×1 contra a Diani, número 11 da França, que fazia uma grande partida. O gol era necessário, e a oportunidade brasileira veio no avanço de Debinha, que avança em velocidade, tira da goleira e chuta com endereço certo pro gol, mas a zagueira Francesa faz boa cobertura e impede a virada.

E como geralmente gol perdido em jogo decisivo costuma fazer muita falta, as francesas responderam com a virada logo no minuto seguinte. Amandine Henry aproveita cruzamento da lateral Majri e completa pro fundo do gol. A torcida vai ao delírio com a virada e aumenta o coro no estadio. As francesas fazem o que tem de fazer quando se está na frente no placar. Mantém posse de bola e seguram o jogo até o apito final.

A França, mesmo com dificuldade mantém a imponência contra o Brasil e avança para as quartas de final. Agora as donas da casa esperam as vencedoras do embate de amanhã entre EUA x Espanha, mais um jogão dessa copa.

Queda de cabeça erguida

Pela lógica, a derrota contra a França era “esperada”. A equipe tem um time com um grande poder ofensivo, que se posta bem na defesa e tem um elenco bem integrado, com jogadoras que atuam juntas no futebol francês. O Brasil vinha de um retrospecto ruim pré copa, e ainda com a classificação para as oitavas, repetia erros frequentes nos jogos da primeira fase.

Apesar da derrota, vimos uma seleção que jogou com garra, de igual pra igual com uma das grandes favoritas ao título. Além disso, o Brasil tinha a torcida contra, que participou em todos os minutos do jogo. A concentração da nossa seleção nessa partida foi invejável. Na derrota de hoje a seleção mostrou que pode ser um grupo muito mais forte, e que com o tempo, uma boa preparação e um comando assertivo, essa seleção vai chegar muito mais longe. Quem sabe no tão sonhado título mundial, ou no olímpico, que já é ano que vem.

Debinha

Apesar dos recordes de Marta e de todo o simbolismo que ela tem no futebol mundial, o maior destaque da seleção foi a Debinha. Presente em todos os jogos, com uma titularidade inquestionável, a atacante de 1,58m, não se intimidou pela imponência física das adversárias, foi pra cima e incomodou bastante no ataque, além de dar uma boa assistência na defesa. Não foi a Debinha que ficou devendo um gol na copa. Foi essa copa que ficou devendo o gol da Debinha. Na próxima ela desconta.

Marta

Rainha do futebol, Marta deixa sua última copa com marcas individuais incríveis, que deixam um bom legado pra quem tá buscando se profissionalizar. Ao final do jogo a craque pediu mais esforço e compromisso da nova geração. O que se pode afirmar é que Marta deu bem o seu recado nesse mundial. E com ela, Formiga e Cristiane mostraram que a idade pode ser desafiada, especialmente quando se tem disciplina e vontade de se provar melhor a cada dia.

Vadão

Criticado desde o início, o técnico Vadão mostrou-se como o esperado nesse mundial. Insistiu em alguns erros já pontuados por analistas, e até quando ousou, conseguiu prejudicar fazendo mudanças que comprometeram a própria ousadia. Vadão foi bola fora dentro e fora dos gramados. Não é o único culpado, mas tenha boa parcela de responsabilidade nessa trajetória. Espera-se uma grande mudança no comando da seleção, e especialmente mais investimento por parte da CBF nos campeonatos nacionais. Elas precisam de apoio. É urgente!

 

 

 

 

Jornalista e Profissional de Educação Física. Pernambucana, bairrista por natureza, vivendo a máxima Gonzaguista: “Minha vida é andar por esse país”. Apaixonada por futebol desde que respira. Atualmente vive em São Paulo, e tem como sonho ajudar a conduzir o futebol feminino ao topo. Fora das quatro linhas, gosta de ler, pedalar, explorar a natureza e é obcecada pela ideia de estar sempre criando algo novo.
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