Grêmio e Internacional se preparam para retorno ao futebol

Por: Emilia Sosa

A pandemia gerada pela Covid-19 pegou todos de surpresa em 2020. A maioria dos clubes de futebol não estava preparada para a quebra no orçamento que a paralisação dos campeonatos gerou, especialmente aqueles que têm seus elencos femininos dando os primeiros passos, como é o caso do Grêmio e do Internacional. Os clubes gaúchos reativaram a modalidade em 2017, logo após determinação do novo regulamento da Conmebol, que tornou obrigatório que clubes da série A criassem equipes femininas até 2019, como condição para disputarem as competições continentais. 

O Grêmio e o Internacional seguiram caminhos diferentes dentro do futebol feminino. Enquanto o Tricolor iniciou sua história em 2017 já na série A1 do Campeonato Brasileiro, fruto de uma parceria com a Seleção Gaúcha de Futebol Feminino, o Internacional precisou reativar o departamento de futebol feminino, com a contratação de comissão técnica e uma peneira que reuniu quase 700 meninas do Rio Grande do Sul, de acordo com as informações do site oficial do clube. No mesmo ano de 2017, o Grêmio caiu para a série A2 do Campeonato Brasileiro, e o Internacional teve acesso para a mesma divisão. Em 2019, o colorado chegou à elite do futebol nacional, enquanto o Grêmio só garantiu o acesso à primeira divisão neste ano. Com isso, 2020 é o marco do primeiro encontro da história da dupla Grenal na primeira divisão do Campeonato Brasileiro Feminino.

gurias gremistas - Fernando Alves Fruke
Gurias Gremistas  |  Foto: Fernando Alves Fruke

 

gurias coloradas - Mari Carpa
Gurias Coloradas |  Foto: Mari Carpa

Se dentro de campo as equipes possuem caminhos diferentes, fora dele, em meio à crise causada pela Covid 19, a dupla GreNal se mostrou em sintonia no que corresponde ao futebol feminino. Sobre os salários, os dois clubes precisaram fazer acordos com o elenco. “O Internacional em primeiro instante fez de tudo para que não mexesse nos nossos salários, mas como tudo se estendeu tivemos um desconto de 25% em comum acordo”, explica Kemelli Ferreira, atleta da equipe colorada desde janeiro deste ano. O Grêmio tomou a mesma decisão, como conta a atleta, Kimberlyn Brandino: “fizemos acordo e aceitamos a redução salarial em 25%, tudo foi acordado com transparência de ambas as partes”, descreve.

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Kemelli Ferreira  |     Fonte: Reprodução / Instagram

Após receberem toda assistência necessária durante a pausa do futebol, as atletas da dupla GreNal já têm data para voltarem ao campo. Em relação ao retorno, Kemelli comenta: “Nós não sofremos pressão nem fizemos pressão, sabemos que estamos em um momento delicado e que as coisas fogem do nosso controle, então precisamos de paciência e empatia para que tudo volte ao normal. A CBF lançou as datas de retorno, ficamos felizes óbvio, então agora é voltar aos trabalhos com todos os cuidados e precauções”. No Grêmio, Kimberlyn confia no protocolo de segurança para a retomada das atividades. “Acredito que a volta do campeonato será no momento certo, seguindo todas as orientações para que acima de qualquer coisa a saúde de todos os envolvidos esteja em primeiro lugar”, diz ela.

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Kimberlyn Brandino |   Fonte: Instagram  / KXA Sports

O Campeonato Brasileiro Feminino tem data de retorno para o dia 26 de agosto. O Internacional joga no mesmo dia, em casa, contra o Flamengo-Marinha, e o Grêmio volta aos campos no dia 30 do mesmo mês, contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte. A CBF divulgou uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein para a testagem de todos atletas de competições nacionais, incluindo as séries A1 e A2 do Campeonato Brasileiro Feminino. De acordo com a Confederação, todos os atletas e envolvidos nos jogos serão testados antes de cada rodada das competições.   

Já visando este retorno, o Internacional retomou as atividades presenciais nesta semana. Após resultados negativos dos exames para detecção da Covid 19, todas atletas e comissão técnica foram liberadas para reinício dos trabalhos. A equipe Gremista têm reunião marcada também para esta semana para decidir a retomada das atividades.

 

Jornalista, gaúcha que tem uma relação de amor e ódio com o país RS. Gosta de futebol desde sempre e usa seu espacinho no mundo para defender que mulheres joguem, falem e façam o que quiserem dentro da modalidade. Assiste futebol, fala de futebol, escreve sobre futebol e não sabe nem chutar uma bola. Fala igual uma matraca longe de uma câmera, adora conversar e contar histórias.
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