Depois de quase nove anos comandado o departamento de futebol feminino do Corinthians, Cris Gambaré assumiu um novo desafio: gerenciar as seleções brasileiras femininas. Ela está na nova função há um pouco mais de um mês. Uma das primeiras missões será ajudar a conduzir o Brasil na busca por uma medalha olímpica em Paris.
No entanto, o trabalho dela vai muito além dos Jogos Olímpicos. Cris Gambaré pretende imprimir o DNA vitorioso que a sua gestão alcançou no Corinthians para a coordenação das seleções, buscando estruturar de forma melhor uma base que foi construída nos últimos anos.
Convite da CBF
O cargo de Coordenadora Técnica das Seleções Brasileiras Feminina estava vago desde agosto de 2023, após a saída de Ana Lorena Marche. O nome de Cris Gambaré parecia ser o mais natural para assumir, por todo o seu trabalho feito no Corinthians. Foram oito meses de muita especulação, até que no dia 20 de março, ela foi oficializada como a nova coordenadora.
Ter construído uma base no Corinthians e a vontade de fazer um novo trabalho com o futebol feminino foram os principais fatores que pesaram para Cris Gambaré aceitar o convite da Confederação Brasileira de Futebol.
“O que pesou foi aquele propósito de fazer o melhor e muito mais para o futebol de mulheres. Eu acho que é um novo cenário, dentro de uma nova gestão, com pessoas que querem realmente estar fazendo o melhor trabalho. E eu sabia que dentro do Corinthians já havia criado e consolidado um departamento e, que sem a minha presença, conseguiria seguir exatamente como eu coloquei e construí. Isso me deu uma segurança para aceitar esse convite e esse novo desafio como coordenadora das seleções femininas. Agora, trabalhar muito para que a gente consiga chegar e ter o mesmo êxito e o mesmo empenho que eu tive na gestão do Corinthians”.
Motivação
Cris Gambaré é a terceira mulher a assumir a Coordenação das Seleções Femininas. Desde 2020, a função ganhou uma nova roupagem com o protagonismo das mulheres na busca de tentar fortalecer as seleções de base e principal.
Gambaré destacou que já encontrou uma estrutura dentro da CBF, mas que ainda é preciso fazer alguns ajustes. Para isso, ela aposta na motivação para que todos sigam o mesmo objetivo.
“Aqui dentro da CBF já tem uma estrutura, nós só vamos organizar essa estrutura, colocar algumas coisas em seus lugares, mas já está andando bem. Eu acho que é motivar, eu acho que a motivação de todos que estão nas seleções é um grande avanço que todo mundo faça e vá para o mesmo caminho. Então, planejar e organizar é meta mesmo de colocar em prática aqui nas seleções”.
Fórmula de sucesso do Corinthians
Ao longo dos quase nove anos que passou à frente da direção de futebol feminino do Corinthians, Cris Gambaré construiu um trabalho vitorioso que se tornou referência de excelência no Brasil e na América do Sul.
Em sua gestão, as Brabas ergueram 18 taças. Além dos títulos conquistados, a dirigente profissionalizou o departamento, fortalecendo a estrutura, atraindo público e patrocínios. Agora, sob o comando das Seleções Femininas, Gambaré espera trazer um pouco da fórmula de sucesso que ela construiu no Corinthians.
“Dá para se encaixar em algumas coisas, dá para ser praticado, mas muitas outras coisas não. A CBF lida com outras organizações, a gente lida com uma esfera mundial. Então, existe um pouco mais de habilidade, um pouco mais exigência, um pouco mais de preocupações, com o caminho que vamos traçar. Mas eu vou trazer muita bagagem positiva e tentar disparar e compartilhar com os meus pares aqui dentro do departamento. Coisas boas eu tenho para falar e para fazer. Agora é só uma questão de tempo para poder realmente executar e fazer o melhor aqui para a seleção”.
Na Seleção, Cris Gambaré vai ter a oportunidade de seguir trabalhando com o Arthur Elias, técnico da equipe principal. Desde 2016, a dupla tem sido sinônimo de sucesso e títulos.
Agora, na CBF, em um ambiente novo, a coordenadora destacou que estar junto a Arthur Elias traz a sensação de estar em casa para tentar escrever um novo capítulo na história da dupla.
“A gente tem uma ligação muito forte dentro do futebol feminino, eu acho que me dá muita segurança em conseguir fazer o melhor para todos eles, para todas as categorias. Então, me facilita um pouco mais, me dá aquela sensação de estou dentro de casa, fazendo agora, só que por um cenário nacional. E o objetivo é o mesmo. Então, nós temos a meta de ser e estar entre as melhores seleções do mundo“.
Seleções de base
Além de cuidar da seleção principal, Cris Gambaré também vai ser responsável por gerir as equipes sub-17 e sub-20. Nos últimos anos, principalmente com a presença de Pia Sundhage, a integração entre base e equipe principal se tornou mais constante.
Sob o seu comando, Cris pretende seguir com essa integração, dando uma atenção especial aos clubes que formam as jogadoras.
“Primeiro, a integração realmente das categorias, todas elas terem realmente aquele elo de ligação, porque uma atleta, às vezes, vai servir para outra categoria e vice-versa. Então, essa integração é o que é um planejamento inicial. Nós temos um outro planejamento que será com os clubes. Então, os clubes também fazerem parte desse movimento, que é ter atleta de seleção sendo convocada nos clubes. Então, é um outro planejamento de conectar todas essas partes para que a gente consiga sair num ambiente saudável e bem positivo para a seleção”.
Planejamento para Paris
Cris Gambaré assumiu a Coordenação das Seleções Femininas no ano mais importante da seleção principal, o ano olímpico. Depois de cair nas quartas de final na Olímpiada de Tóquio, o Brasil quer que a sua história termine diferente em Paris.
A dirigente terá o desafio de dar continuidade ao planejamento que já começou a ser feito, executando trabalhos referente à parte externa que envolve a Seleção Brasileira, como logística, estrutura e todo o staff.
“A comissão da categoria principal já tem um trabalho formado e um objetivo que é fazer o melhor e levar as melhores para disputarem as Olimpíadas. Dentro disso, a gente tem só o externo, que é planejar alguma coisa a mais, organizar algumas outras coisas, se preocupar com outras coisas, para que eles tenham dedicação total dentro de campo. Nessa mudança, quem pode fazer ou colocar qualquer tipo de mudança estratégica de campo são eles. Então, isso a gente não opina. O que nós fazemos é o trabalho extracampo, que é o planejar, coordenar e alinhar onde nós queremos chegar“, explicou Gambaré.
Como parte desse planejamento para os Jogos Olímpicos, o Brasil vai disputar dois amistosos contra a Jamaica na data Fifa marcada de 27 de maio e 04 de junho. As partidas serão diante da torcida brasileira. O primeiro será no Recife, em 01 de junho. O último será em Salvador, no dia 04 de junho.
Depois dos amistosos, a Seleção Brasileira terá um período de preparação final para a Olímpiada de Paris, entre 08 e 16 de julho. De acordo com Cris Gambaré, a ideia da comissão técnica é de que a delegação fique no Brasil antes de embarcar para a capital francesa.
“É um fato que a própria comissão espera fazer um planejamento aqui dentro do Brasil para depois seguir realmente para Paris.(…) O planejamento realmente veio todo da comissão e eles têm algumas preferências dentro ou fora ou onde eles queiram ficar. Então, pode ser que daqui a pouco mude, a preferência não seja mais aqui, seja em outro lugar, mas de qualquer forma são eles que fazem todo o planejamento, e a gente só conduz para que isso aconteça da melhor forma”, disse a coordenadora.
