BRASIL – As Guerreiras do Brasil na trilha do ouro olímpico

Sam Robles/CBF

Uma das três equipes mais tradicionais no futebol feminino das Olimpíadas. Berço da maior artilheira da competição, da única mulher seis vezes melhor do mundo e da mulher mais velha a marcar um gol nos Jogos. Essas são umas das características históricas do Brasil em Jogos Olímpicos. Em 2021, é a sétima vez que as Guerreiras do Brasil entram em campo em busca da tão sonhada medalha de ouro. 

Histórico Olímpico

Junto com Estados Unidos e Suécia, o Brasil realiza sua sétima participação nos Jogos Olímpicos, esteve em todos os torneios desde 1996, quando a modalidade foi incluída no evento. Em Atlanta 1996 e em Sydney 2000 o Brasil chegou até às semifinais, mas foi eliminado pela China e pelos Estados Unidos, respectivamente. Na disputa pelo terceiro lugar, a Noruega e a Alemanha levaram a melhor. 

Já em Atenas 2004 e Pequim 2008 foram os anos de melhores campanhas da Seleção Brasileira, quando conquistaram a medalha de prata. Nas duas decisões, foram superadas pelos Estados Unidos.Em Londres 2012, o Brasil teve sua pior campanha, caindo para o Japão nas quartas de final. E no Rio 2016, após cair para a Suécia nas semifinais, perdeu a disputa do terceiro lugar para o Canadá.

Ao todo, em Jogos Olímpicos, a Seleção Brasileira Feminina acumulou 32 jogos, com 15 vitórias, seis empates e 11 derrotas. Também possui o título da maior artilharia entre homens e mulheres, com Cristiane, que marcou 14 gols.  

Das seis participações do Brasil no torneio, Formiga esteve em todas elas e segue para a sétima. Assim como a técnica Pia Sundhage que em 96 estreou como jogadora pela Suécia, em 2000 e 2004, integrou as comissões técnicas de Suécia e Estados Unidos, respectivamente, como observadora técnica. E, nas últimas três edições, chegou à decisão, conquistando o ouro com os Estados Unidos em 2008 e 2012 e a medalha de prata com a Suécia em 2016 com direito a eliminação do Brasil no Maracanã, na semifinal.

Richard Callis/SPP/CBF

Virada de chave

Com a chegada da técnica Pia Sundhage em julho de 2019, a Seleção Feminina vive uma verdadeira virada de chave em busca da tão sonhada medalha de ouro, mas, principalmente, evolução e competitividade. Desde a primeira convocação, foram 73 atletas chamadas para os períodos de preparação, amistosos e torneios internacionais. 

O setor defensivo foi o mais testado por Pia, com 23 nomes diferentes passando pelas posições de defesa da Seleção. Ao todo foram chamadas 10 goleiras para serem testadas. No meio campo, 21 jogadoras vestiram a canarinho e 18 atacantes estiveram à frente da Seleção Brasileira. 

Ao todo foram disputados 18 jogos, onde 11 vezes o Brasil saiu com a vitória, cinco vezes com o empate e duas vezes com a derrota. Foram 49 gols marcados e oito sofridos. Na artilharia da Era Pia, Debinha tem 12 gols marcados. Após dois anos com a sueca no comando da Seleção, o Brasil subiu um lugar no ranking da FIFA e hoje ocupa a 7ª posição. 

Em janeiro deste ano, durante a coletiva de imprensa de convocação para o torneio She Believes, foi anunciada a renovação de contrato da técnica Pia Sundhage até 2024. O até então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, confirmou que a sueca continuará à frente da Seleção Brasileira Feminina durante todo próximo ciclo olímpico até 2024, passando pela Copa do Mundo de 2023. 

Richard Callis/SPP/CBF

Mudança de geração 

Desde a chegada da Pia após a eliminação do Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo Feminina de 2019, muito se falou de uma mudança de geração na Seleção Feminina, principalmente pelas idades avançadas de grandes nomes como Marta, Formiga e Cristiane. 

Durante os dois anos de trabalho da sueca à frente da Seleção Feminina, antes do primeiro desafio oficial, diversos nomes foram testados, e as atenções estavam voltadas às novas joias do futebol brasileiro, prova disso foram as visitas aos estádios durante as competições nacionais. 

Diante de toda análise da comissão técnica no futebol brasileiro e no internacional, as 22 atletas convocadas para os Jogos Olímpicos de Tóquio possuem uma única característica em comum, a versatilidade em campo. Foi esse um dos principais critérios para a escolha dos nomes que viajaram para a disputa do torneio.

E foi apostando em uma nova filosofia para a Seleção Feminina que Cristiane, um dos maiores nomes do futebol brasileiro, ficou de fora da lista. Com uma temporada um tanto inconsistente no Santos, aos olhos da técnica Pia, a atacante de 36 anos não participará dos Jogos Olímpicos.

Já nas Olimpíadas de Tóquio é possível visualizar a nova proposta de disputa da Seleção Feminina da valorização da nova geração do futebol brasileiro aliada a experiência. Formiga, a meio-campista que disputará sua sétima Olimpíada, aos 43 anos, divide a preparação e a experiência do torneio de Tóquio com Giovana, que completou 18 anos em junho deste ano. E é desta forma, que o pedido emocionado de Marta após a eliminação da Seleção na Copa do Mundo de 2019 se concretiza:

“É isso que eu peço para as meninas, não vai ter uma Formiga pra sempre, não vai ter uma Marta pra sempre, não vai ter uma Cristiane, e o futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Então, pensem nisso, valorizem mais! chorem no começo para sorrir no fim” 

Richard Callis/SPP/CBF

Tóquio 2021

Apostando na polivalência do grupo, a técnica Pia Sundhage busca um sistema de jogo mais fechado e como sempre diz “a defesa começa no ataque”. Aliada à alta testagem de jogadoras no sistema defensivo, a sueca busca um jogo mais fechado, onde haja o entrosamento necessário para que a comunicação dentro de todos os setores seja fluida e colaborativa. E assim, a busca é para que os resultados sejam sentidos também no setor ofensivo e, toda a colaboração entre as 11 em campo, seja convertida em um ataque eficiente.

CONVOCADAS

Goleiras: Bárbara – (Avaí/Kindermann), Letícia – Benfica (Portugal) e Aline Reis – UD Granadilla Tenerife (Espanha)

Defensoras: Rafaelle (Palmeiras), Bruna Benites (Internacional), Erika (Corinthians), Poliana (Corinthians) Tamires (Corinthians) Jucinara (Levante UD – Espanha), Letícia Santos (Eintracht Frankfurt – Alemanha) 

Meio-campistas: Formiga (São Paulo) Julia Bianchi (Palmeiras) Andressinha (Corinthians) Duda (São Paulo), Adriana (Corinthians) Marta (Orlando Pride – Estados Unidos), Debinha (North Carolina Courage – Estados Unidos)

Atacantes: Bia Zaneratto (Palmeiras),  Geyse (Madrid CFF – Espanha), Ludmila (Atlético de Madrid Espanha), Giovana (Barcelona –  Espanha), Andressa Alves (Roma – Itália).

Técnica: Pia Sundhage.

Arte: Caroline Galvão / Fut das Minas

Agenda da Seleção Brasileira na primeira fase dos Jogos Olímpicos:

1ª rodada: Brasil x China

21/07 (quarta-feira) – 5h (horário de Brasília) – Miyagi Stadium

2ª rodada: Brasil x Holanda

24/07 (sábado) – 8h (horário de Brasília) – Miyagi Stadium

3ª rodada: Brasil x Zâmbia

27/07 (terça-feira) – 8h30 (horário de Brasília) – Saitama Stadium.

Jornalista, gaúcha que tem uma relação de amor e ódio com o país RS. Gosta de futebol desde sempre e usa seu espacinho no mundo para defender que mulheres joguem, falem e façam o que quiserem dentro da modalidade. Assiste futebol, fala de futebol, escreve sobre futebol e não sabe nem chutar uma bola. Fala igual uma matraca longe de uma câmera, adora conversar e contar histórias.
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