Relembre as participações da Seleção Brasileira em Jogos Olímpicos

Sam Robles/CBF

A Olimpíada de Paris vai marcar a oitava participação consecutiva da Seleção Brasileira Feminina em Jogos Olímpicos. Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil é o país que esteve presente em todas as edições do maior evento esportivo do mundo.

Em meio a um novo trabalho, mas ainda contando com a experiência e o talento de Marta, o Brasil vai em busca do tão sonhado ouro olímpico. Quase sempre figurando entre as quatro melhores seleções do torneio, a equipe brasileira já bateu na trave duas vezes: ficou com a prata em 2004 e 2008. Apesar de não conquistar o ouro, as medalhas de pratas representam até hoje as melhores campanhas do país do futebol feminino olímpico.

Nesta matéria, o Fut das Minas relembra as sete participações da Seleção Brasileira Feminina nos Jogos Olímpicos.

Atlanta 1996 

Atlanta marcou a estreia do futebol feminino nos Jogos Olímpicos. Ali começaria a trajetória de uma das únicas seleções que participou das oito edições de Olimpíadas. 

Em 1996, as equipes participantes do futebol feminino olímpico foram definidas a partir das oito melhores colocadas na Copa do Mundo Feminina de 1995. O Brasil havia ficado em nono, mas como a Inglaterra, oitava colocada, cedeu a sua vaga, a Seleção Brasileira acabou garantindo seu lugar na disputa nos Estados Unidos. 

A base que participou do Mundial de 95 foi a mesma que esteve na Olimpíada de Atlanta. O time era capitaneado pelo técnico Zé Duarte e contava com as convocadas Meg, Nenê, Suzy, Fanta, Márcia Taffarel, Elane, Pretinha, Formiga, Michael Jackson, Sissi e Roseli. As suplentes foram Didi, Marisa, Tânia Maranhão, Nildinha, Sônia, Leda Maria e Kátia Cilene.

Jogadoras que representaram o Brasil na Olimpíada de Atlanta. Foto: AP

Logo na sua estreia em Olimpíadas, a Seleção Brasileira caiu no grupo considerado da “morte”, ao lado de Noruega, Japão e Alemanha. Apesar da diferença técnica e de estrutura, o Brasil mostrou a força do seus talentos individuais e surpreendeu na primeira fase, avançando para a semifinal. Empatou em 2 a 2 contra as norueguesas, venceu o Japão por 2 a 0, e ficou no 1 a 1 diante das alemãs. 

Na semi, o Brasil enfrentou a China. A equipe brasileira saiu atrás do placar, mas buscou a virada com Roseli e Pretinha. Só que nos minutos finais da partida, as chinesas marcaram dois gols e garantiram a medalha ao vencerem por 3 a 2. 

Mesmo sem a medalha, as jogadoras brasileiras se despediram com de Atlanta com a sensação de missão cumprida, mesmo quando todas as circunstâncias não levavam a acreditar que a Seleção não chegaria tão longe. 

“Conseguimos mostrar que éramos capazes. Mesmo a gente ficando em quarto lugar, para nós foi excepcional, nós chegamos muito perto de conseguir uma medalha e, para a gente, é como se tivéssemos conseguido”. 

contou Sissi à CBF

Sydney 2000

O Brasil chegava à Austrália com praticamente o mesmo time que foi quarto lugar nos EUA. No entanto, entre as convocadas surgiam novos nomes como Ju Cabral, Dani Alves, Andréia, Mônica e Rosana. 

Depois de bater na trave na última Olimpíada, a Seleção Brasileira tinha expectativa de conquistar a tão sonhada medalha olímpica em Sydney. 

Na primeira fase, o caminho não seria fácil, mas as brasileiras mostraram que brigariam forte. Na estreia, venceram a Suécia por 2 a 0. Depois, derrotaram as donas da casa por 2 a 1. No último jogo da fase de grupos foram derrotadas por 2 a 1 pela Alemanha, mas avançaram para a semifinal com o segundo lugar do Grupo E. 

Em Sydney, a Seleção Brasileira teve o sonho da medalha olímpica adiado pela segunda vez. Foto: Getty Images

Na partida que valia a vaga na final olímpica, o Brasil cruzou o caminho dos Estados Unidos. Em um jogo equilibrado, a Seleção Brasileira viu Mia Hamm marcar o gol que daria a vitória para as estadunidenses. 

Mas nada estava perdido. A equipe brasileira ainda poderia conquistar uma medalha de bronze. Na disputa pelo terceiro lugar, o Brasil enfrentou a Alemanha e acabou sendo derrotado por 2 a 0, ficando mais uma vez com o quarto lugar. 

Atenas 2004

A Olimpíada de Atenas daria início à era mais vitoriosa do futebol feminino brasileiro. A Seleção Brasileira. 

O time era comandado pelo técnico Renê Simões e contava com uma mistura de gerações. A equipe tinha jogadoras experientes como Formiga, Ju Cabral, Tânia Maranhão e Roseli, enquanto as jovens Marta e Cristiane representavam a renovação. 

E foi com essa mescla que o Brasil foi em busca de um lugar no pódio. Na primeira fase, venceu a Austrália por 1 a 0. Depois, a equipe brasileira foi derrotada por 1 a 0 pelos EUA. Mas na última rodada, golearam a Grécia por 7 a 0. 

Nas quartas de final, a Seleção goleou o México por 5 a 0. A vaga na final foi garantida após as brasileiras vencerem a Suécia por 1 a 0. 

Na grande decisão pela medalha de ouro, o Brasil reencontrou os Estados Unidos. As estadunidenses saíram na frente do placar, mas as brasileiras empataram. Ainda no tempo regulamentar, a Seleção Brasileira ainda teve a chance de virar. Foram duas bolas na trave e um pênalti a favor que não foi marcado pela arbitragem, após um toque de mão da jogadora dos EUA dentro da área. 

Com o empate em 1 a 1, a decisão foi para a prorrogação. No tempo extra, o placar igualado persistia e parecia se encaminhar para as penalidades. Mas faltando três minutos, Abby Wambach marcou o gol que deu fim ao sonho da medalha de ouro para o Brasil. 

Jogadoras da Seleção Brasileira no pódio com a medalha de prata conquistada em Atenas. Foto: Ivo Gonzalez/Agência O Globo

Para alguns, a medalha de prata poderia representar o fracasso, mas para as jogadoras brasileiras sigificava muito. Seus nomes entraram na história do futebol feminino do país e abriu uma nova perspectiva para aquelas que sonhavam em ser jogadoras. 

“Independente se no nosso país, infelizmente, a gente não considera bronze e prata com a importância que deveria se dar. Mas, internamente, com a nossa família, com os nossos amigos, para a modalidade, a gente sabia o quanto ela era importante. E fez também com que outras meninas olhassem e falassem: ‘Caramba, eu quero jogar futebol’” 

disse Cristiane em entrevista ao ge

Pequim 2008

Nos Jogos Olímpicos de Pequim, o filme se repetiu. O Brasil mais uma bateu na trave na busca pela medalha de ouro. Com o talento de Marta e Cristiane, a Seleção Brasileira despontava como uma das favoritas.

Na fase de grupos, a Seleção Brasileira empatou sem gols diante da Alemanha e venceu a Coreia do Norte por 2 a 1 e a Nigéria por 3 a 1, garantindo uma vaga no mata-mata. 

Nas quartas de final, o time brasileiro derrotou a Noruega por 2 a 1. Na semifinal, as brasileiras golearam a Alemanha por 4 a 1. 

Na final, mais uma decisão contra os Estados Unidos. Um duelo que persistia a não trazer boas lembranças para o Brasil. E o roteiro da final de 2004 voltou a se repetir. No tempo regulamentar, um empate sem gols. Na prorrogação, Llyod acertou uma bela finalização que sacramentou a medalha de ouro para os EUA.

Em Pequim, a Seleção Feminina bateu mais uma vez na luta pela medalha de ouro. Foto: Ivo Gonzales/Agência O Globo

Diferente de 2004, a medalha de prata acabou saindo com um gosto um pouco amargo para o Brasil. 

“Estava na hora de sair com a medalha dourada no peito. Não dava para termos deixado essa chance escapar de novo”.

Marta ao Uol, após a partida contra os Estados Unidos. 

Londres 2012

Na Olimpíada de Londres, o Brasil não conseguiu repetir o mesmo desempenho das duas outras edições e, pela primeira vez, não ficou entre as melhores quatro melhores países.

Na fase de grupos, a Seleção Brasileira fez uma boa campanha e terminou na segunda colocação do Grupo E. A equipe comandada por Jorge Barcellos goleou Camarões por 5 a 0 na estreia. Depois, venceu a Nova Zelândia por 1 a 0. No terceiro jogo, foi derrotada pela Grã-Bretanha por 1 a 0, na partida que valia a decisão do grupo.

Shinobu Ohno marca o segundo gol do Japão diante do Brasil. Foto: Reuters

Nas quartas de final, o Brasil não conseguiu superar o Japão, campeão mundial na época, e se despediu precocemente dos Jogos Olímpicos ao perder por 2 a 0. 

Rio 2016

Jogando em casa, a Seleção Brasileira contava com o apoio da torcida brasileira, que se fez presente em grande peso. Além disso, o Brasil disputaria a Olimpíada do Rio com uma novidade: a Seleção Permanente. A Confederação Brasileira de Futebol criou uma equipe com jogadoras que serviam exclusivamente à camisa da Amarelinha, principalmente com aquelas que não estavam em atividade em clubes brasileiros. 

Seleção Brasileira Feminina que disputou a Olimpíada do Rio. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Na fase de grupos, o Brasil fez a sua parte e foi líder da sua chave. A Seleção Brasileira venceu a China por 3 a 0, goleou a Suécia por 5 a 1 e empatou em 0 a 0 diante da África do Sul. 

Nas quartas de final, as brasileiras encontraram com a Austrália. Com um empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação, a vaga para as quartas de final foi decidida nos pênaltis. E com muita emoção e com uma ótima atuação da goleira Bárbara, que defendeu duas cobranças, o Brasil venceu as australianas por 7 a 6 e avançou de fase. 

Na semifinal, a Seleção Brasileira reencontrou a Suécia. Mas diferente do duelo da fase de grupos, a partida foi mais dura. Mais uma vez, o Brasil empatava sem gols no tempo normal e na prorrogação e teria que passar pelos pênaltis. 

Se contra a Austrália, Bárbara era quem estava inspirada, na semi, coube à goleira sueca Lindahl ser decisiva e estragar a festa de mais de 70 mil torcedores que estavam no Maracanã. A arqueira da Suécia defendeu duas penalidades e garantiu a vitória diante da Seleção Brasileira por 4 a 3, se classificando para a disputa da medalha de ouro. 

Goleira sueca Lindahl acabou com a festa da torcida brasileiro no Maracanã. Foto: ge

Para o Brasil, ainda havia a possibilidade de conquistar um bronze. No entanto, as brasileiras acabaram sendo derrotadas por 2 a 1 contra o Canadá e ficaram com o quarto lugar. 

Tóquio 2020

Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram uma das edições mais atípicas da história. Por conta da pandemia da Covid-19, a Olimpíada foi adiada por um ano, sendo disputada em 2021. E para a Seleção Brasileira aquela edição também era diferente. 

Depois dos resultados da Rio 2016 e da Copa do Mundo de 2019, a CBF promoveu grandes mudanças no futebol feminino. Além da criação de uma coordenação de seleções femininas, a entidade contratou a técnica sueca Pia Sundhage. A ideia era que a treinadora com toda a sua experiência – dois ouros com os EUA e uma prata com a Suécia – pudesse reorganizar a Seleção Brasileira em busca da medalha de ouro. 

Pia Sundhage foi escolhida para dar início ao ciclo olímpido de Tóquio. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A primeira fase foi equilibrada, com o Brasil passando em segundo com os mesmos sete pontos que a Holanda. Na estreia, uma goleada por 5 a 0 diante da China. Em seguida, no duelo contra as holandesas, um empate eletrizante em 3 a 3. Porém, na partida contra a Zâmbia, a equipe mais fraca do grupo, a Seleção Brasileira venceu com o placar mínimo. 

A Seleção Brasileira Feminina acabou sendo pelo Canadá ainda nas quartas de final. Foto: Sam Robles/CBF

Na semifinal, a Seleção Brasileira enfrentou o Canadá. Um jogo equilibrado que terminou zerado no tempo regulamentar e na prorrogação. E, mais uma vez, o Brasil teria que decidir nos pênaltis. Nas cobranças, Andressa Alves e Rafaelle viram a goleira Lebbe defender as suas cobranças, fechando o placar em 4 a 3, e marcando mais uma despedida do Brasil do sonho da medalha de ouro. 

Veja os jogos do Brasil na Olimpíada de Paris

25/07 (quinta-feira) – Nigéria x Brasil, às 15h, no estádio de Bordeaux

28/07 (domingo)- Brasil x Japão, às 12h, no Parc de Princes

31/07 (quarta) – Brasil x Espanha, às 12h, no estádio de Bordeuax

Paulista em terras paraibanas, jornalista em formação e apaixonada por esportes desde pequena. Tinha o sonho de ser nadadora profissional, mas como não deu certo, encontrei no jornalismo uma chance de continuar a viver o esporte de perto. Seja no trabalho, na faculdade, em casa, com amigos, estou sempre falando, assistindo ou pensando sobre futebol, e também um pouquinho sobre F1. Além disso, gosto muito de sair para comer ou beber, ir ao cinema. E também de ficar em casa, assistindo a alguma série, lendo ou só curtindo minhas playlists favoritas.
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