Orgulho e alegria. Para a lateral-direita, Bruninha Nhaia, esses são os sentimentos que definem a trajetória do Brasil na Copa do Mundo Feminina Sub-20, disputada na Costa Rica, no mês de agosto.
A Seleção Brasileira começou há poucos anos um trabalho realmente efetivo com as categorias de base e os frutos estão começando a aparecer. Mais que a medalha de bronze conquistada no Mundial Sub-20 no último mês, a campanha da seleção comandada por Jonas Urias foi a melhor da história da seleção em mundiais de base.
Capitã da equipe, a lateral direita Bruninha falou, em entrevista à equipe do Fut das Minas, sobre a medalha de bronze, as próximas convocações da seleção principal e os novos desafios agora atuando nos Estados Unidos.
Após terminar a primeira fase da competição, em segundo lugar do Grupo A, invictas, sem sofrer nenhum gol, as Guerreirinhas do Brasil chegaram ao mata-mata e avançaram até as semifinais, quando foram batidas pelo Japão. Na disputa pelo terceiro lugar, a equipe brasileira venceu a Holanda por 4 a 1, conquistou a medalha de bronze e fez a melhor campanha do país no Mundial desde 2006.
A atleta de 20 anos, titular do time, falou sobre o que significa essa conquista da Seleção Brasileira. “É muito importante não só para a gente que jogou, que ganhou uma medalha, mas, para as outras meninas das novas gerações que irão vir e que também vão defender a Seleção Brasileira nesses mesmos campeonatos. Chegar em terceiro lugar depois de 16 anos é algo incrível, porque mostra quando a Seleção bem trabalhada, bem incentivada, consegue chegar longe”, disse a jogadora.
Durante a trajetória do Brasil na Copa do Mundo Feminina Sub-20, além da boa organização e postura da equipe dentro de campo, chamou a atenção a união do grupo, principalmente em momentos mais difíceis da partida. Bruninha destaca que o ambiente fora das quatros linhas sempre foi muito bom. “A gente valorizou acima de tudo a questão grupal, para que possamos ter uma alegria e uma leveza entre as nossas relações, porque a gente sabe o quanto pesa ter que ficar concentrada, viver 24 horas o futebol com as mesmas pessoas (…)”, revelou Bruninha. A união entre jogadoras é um lema praticado no dia-a-dia da Seleção, seja dentro ou fora dos gramados.
Das 11 titulares da equipe comandada por Jonas Urias, quatro estiveram na Copa do Mundo Feminina Sub-17 de 2018. Além de Bruninha, Yaya, Cris e Lauren fizeram parte do grupo que acabou caindo na primeira fase da competição. O Brasil ficou em terceiro lugar do Grupo B, com quatro pontos. Agora, pela Seleção Brasileira Sub-20, não só elas, mas todo o time mostrou evolução e de que ainda há muito para crescer.
A capitã comentou o que mudou de lá para cá dentro da Seleção. “Acho que o que muda são as experiências, vivências e a aprendizagem, tanto com os acertos quanto com os erros. Nessa competição, nós que já estivemos dentro de outras com a Seleção Brasileira, nos sentimos muito mais preparadas para quaisquer que fossem os momentos (…) é um conjunto de coisas, acho que é muito fútil se eu citasse uma coisa só, porque não é apenas uma coisa, são várias coisas que acabam envolvendo e formando um laço de qualidades, para que a gente possa fazer uma competição muito melhor”, analisa Bruninha.
Integração com a seleção principal
Desde quando a técnica sueca Pia Sundhage chegou ao comando da Seleção Brasileira Feminina, em 2019, um dos pilares do seu trabalho é a integração das categorias de base com o time principal para que todos estejam na mesma sintonia e que as jovens jogadoras cheguem mais prontas em nível técnico e físico para a equipe principal.
Bruninha já foi convocada duas vezes pela Pia, no ano passado, para amistosos contra a Argentina e para a disputa do Torneio Internacional de Manaus. A lateral explicou como tem sido esse processo de integração. “Está sendo muito natural. Ela tem um método de trabalho muito parecido com o do Jonas, então, a integração meio que se encaixa naturalmente. Algo bom tanto para ela, quanto para as atletas, porque a partir do momento que a gente chega na seleção principal estamos mais preparadas, ou, as expectativas são ainda mais criadas por já termos um conhecimento melhor dos princípios que ela usa, do que ela gosta e não gosta, é muito parecido. Isso facilita demais o trabalho e eu acho isso incrível”, disse Bruninha.
Ao longo da Copa do Mundo Feminina Sub-20 a treinadora sueca e outros integrantes de sua comissão técnica acompanharam os jogos das Guerrerinhas do Brasil. Após o jogo da conquista do terceiro lugar, Pia Sundhage disse que chamaria algumas da Seleção Sub-20 em sua próxima convocação. Bruninha revelou como está sua expectativa para uma possível volta à equipe principal. “Sobre a titularidade, quem decide isso é o treinador. O que eu mais almejo no momento, é dar o meu melhor, trabalhar com muito esforço, me dedicar muito, de me desafiar, para que, se possivelmente, eu estiver de novo em uma Seleção Brasileira estarei muito feliz. Mas, antes de estar feliz, quero estar preparada para que eu possa entregar tudo de mim, para eu poder passar confiança pra comissão técnica, atletas e torcedores”, destacou a lateral.
A próxima convocação da seleção principal acontece nesta quinta-feira (22), às 10h30, com transmissão da CBF TV. A expectativa é que o nome de Bruninha, assim como de outras atletas do Sub-20, esteja na lista da técnica Pia Sundhage. As jogadoras convocadas representarão o Brasil na Data FIFA de outubro, entre os dias 03 e 11.
Novo desafio no Gotham FC
Após a disputa da Copa do Mundo Feminina Sub-20, Bruninha embarcou rumo aos EUA para um novo desafio em sua carreira. A jogadora se despediu do Santos, ainda no Mundial, para defender o Gotham FC, na NWSL.
A lateral chegou às Sereias da Vila no começo da temporada de 2021. Ao todo, foram 40 jogos e um gol marcado com a camisa do alvinegro praiano. No ano passado, ela ganhou o prêmio Bola de Prata, da ESPN, de jogadora revelação do Brasileirão Feminino.
Bruninha revelou que sempre foi um sonho jogar na NWSL, mas não esperava que fosse para lá tão rápido. Apesar disso, ela se sente confiante e preparada para esta nova fase. “O sonho de disputar a Liga Americana sempre estava presente. Não imaginaria que fosse tão cedo, que seria com uma transição aos 20 anos. Mas, me sinto pronta e preparada, porque as oportunidades chegam e você precisa abraçar isso, quando elas estiverem na sua frente”, destacou a atleta.
Recém integrada ao elenco do Gotham FC, a previsão de estreia de Bruninha é nas próximas rodadas da NWSL, já que a jogadora está na fase de exames médicos. O time da brasileira ocupa atualmente a última posição da tabela, com 12 pontos, e enfrenta o OL Reign nesta quarta-feira (21).
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