FERROVIÁRIA – As Guerreiras Grenás no Campeonato Brasileiro

Foto: Divulgação/Ferroviária

Por: Isabelle Galvão

A Ferroviária completou, em 12 de abril de 2021, 71 anos de história, mas foi há 20 anos que a equipe feminina foi criada. Em 2001, quando a modalidade ainda não era obrigatória de acordo com as regulamentações da CBF e da Conmebol, o time do interior paulista dava os primeiros passos para se tornar uma das equipes mais tradicionais no futebol feminino brasileiro e, atualmente, sul-americano. 

Logo no início, a locomotiva grená já mostrava para o que veio. Em 2002, um ano após a criação da equipe feminina, as atletas levantaram o troféu de campeãs paulistas. E assim também fizeram nos anos de 2004, 2005 – em 2003 não houve campeonato – e em 2013. Ao lado do Juventus-SP, é o clube com mais títulos na competição – tetracampeão.

A primeira edição do Campeonato Brasileiro Feminino, em 2013, contou com a participação dos 20 times melhores classificados no ranking da CBF, mas a Ferroviária não estava entre eles. Foi o único ano em que a locomotiva não esteve presente na competição nacional. A partir de 2014, quando conseguiu a vaga por ter ganhado o título do Campeonato Paulista do ano anterior, nunca mais saiu da Série A1 do Brasileirão.

A estreia na principal competição do futebol brasileiro não poderia ser melhor. O time de Araraquara chegou à final e venceu o Kindermann, outra equipe tradicional da modalidade, pelo placar agregado de 8×3 e se sagrou campeão, garantindo a vaga para a Libertadores do ano seguinte. No mesmo ano, conquistou também o título da extinta Copa do Brasil Feminina.

Foto: Danilo Sardinha/GloboEsporte.com

De Araraquara, cidade do interior a pouco mais de 270 quilômetros da capital paulista, as atletas foram à Colômbia representar o Brasil, junto com o São José-SP, na Copa Libertadores de 2015. Na final, bateu o Colo-Colo por 3×1. Um dos gols da equipe brasileira foi da Ana Maria Barrinha, que está até hoje na equipe.

Voltando ao Brasil, em 2015 a equipe não conseguiu vaga na segunda fase do Brasileirão A1. Já em 2016, chegou à semifinal, quando perdeu para o Flamengo/Marinha, campeão daquela edição. 

Em 2017, a Ferroviária passou a investir nas categorias de base e a assinar contratos de trabalho desportivos com algumas atletas, o que marcaria o início da profissionalização no clube. Naquele ano, caiu para o Corinthians nas quartas de final do Brasileirão. Em 2018, a equipe voltou a estar entre as quatro melhores do país, perdendo na semifinal para o Rio Preto. 

O ano seguinte seria marcado pela emoção. A Ferroviária se classificou por pouco para as fases finais do Brasileirão, terminando a primeira fase em 7º lugar. As quartas, a semi e a final foram todas decididas nos pênaltis: Santos, Kindermann e Corinthians. Foi quando a goleira Luciana fez brilhar sua estrela e a técnica Tatiele Silveira fez história ao se tornar a primeira técnica mulher a ser campeã do Brasileirão Feminino.

No Campeonato Brasileiro de 2020, a Ferroviária perdeu para o Palmeiras nas quartas de final, também nos pênaltis. Mas a temporada ficou marcada pelo bicampeonato da Libertadores. Na estreia da técnica Lindsay Camila pela equipe, as Guerreiras Grenás conquistaram uma vaga aos 45 do segundo tempo para as fases finais da competição e se sagraram campeãs ao vencerem o América de Cali por 2×1. Lindsay se tornou a primeira mulher campeã da Libertadores no comando de um time.

Foto: Divulgação/Ferroviária

A coleção de títulos e bons resultados vem também do esforço fora do campo. A equipe feminina utiliza a mesma infraestrutura de treinos e jogos do time masculino: o Centro de Treinamento do Parque Pinheirinho e o próprio Estádio da Fonte Luminosa. Em relação à base, disputa as categorias Sub-14 e Sub-17 do Campeonato Paulista e Sub-16 e Sub-18 do Campeonato Brasileiro. 

Em setembro de 2020, a Ferroviária anunciou a criação da Guerreira, mascote representativa das Guerreiras Grenás. O responsável pela arte e pela ideia foi o jornalista e cartunista araraquarense, Carlos André de Souza, que se inspirou na goleira Luciana para a confecção da mascote. 

Ilustração: Divulgação/Ferroviária

Pela tradição e força no futebol feminino, a Ferroviária chega forte em busca do tricampeonato do Brasileirão em 2021. Apesar da saída de algumas peças importantes, como a atacante Chú e a zagueira Andreia Rosa, a Ferroviária apresentou reforços para a nova temporada.

A meio-campista Nicoly, prata da casa, retornou à equipe após uma temporada no Palmeiras. Também são recém contratadas a meia Leidiane (ex-Taubaté), a atacante Lurdinha (ex-Palmeiras), as zagueiras Yasmin e Analice (ex-Grêmio), a meia Duda e a lateral-esquerda Jamille (ex-São José-SP) e a zagueira Anny (ex-Bahia). Alguns reforços vindos de terras internacionais completam a equipe araraquarense: a meia-campista paraguaia Graciela Martinez (ex-Cerro Porteño-PAR), a atacante Sydney Blomquist (ex-Detroit City-EUA) e a meia Suzane (ex-Marítimo-POR).

Foto: Divulgação/Conmebol

APELIDO DA EQUIPE: Guerreiras Grenás

FICHA TÉCNICA

Goleiras: Luciana, Lucilene e Yanne.

Laterais: Ana Barrinha, Raquel, Leticia, Carol Tavares, Monalisa, Jamille.

Zagueiras: Gessica, Anny, Thaynara, Luana, Ana Alice, Yasmin Cosmann.

Meio-campistas: Daiane, Nicoly, Amanda, Graciela Martinez, Duda, Suzane, Rafa Mineira, Sâmia, Leidiane, Aline Milene.

Atacantes: Ludmila, Maísa, Lurdinha, Patricia Sochor, Thaicyane, Syd Blomquist.

Técnica: Lindsay Camila.

REDES SOCIAIS:

Twitter: @guerreirasgrena

Instagram: @grenasguerreiras

Facebook: Guerreiras Grenás

PRIMEIRO CONFRONTO: Palmeiras x Ferroviária, dia 18 de abril, às 20h, local a definir.

Jornalista e Profissional de Educação Física. Pernambucana, bairrista por natureza, vivendo a máxima Gonzaguista: “Minha vida é andar por esse país”. Apaixonada por futebol desde que respira. Atualmente vive em São Paulo, e tem como sonho ajudar a conduzir o futebol feminino ao topo. Fora das quatro linhas, gosta de ler, pedalar, explorar a natureza e é obcecada pela ideia de estar sempre criando algo novo.
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