O ano de 2022 está apenas começando e o projeto VF4 já tem muito a comemorar. Isso porque o time de futebol feminino de João Pessoa (PB), criado pelo lateral direito Victor Ferraz, conquistou o Campeonato Paraibano Feminino e ainda garantiu uma vaga para a Série A3 do Brasileiro Feminino em pouco mais de dois meses de criação. Estes ótimos resultados motivam a equipe a alcançar objetivos bem maiores ao longo deste ano.
Um começo vitorioso
A equipe feminina do VF4 sempre foi um sonho do projeto de Victor Ferraz. O clube foi fundado em 2017, em João Pessoa, capital paraibana e cidade natal do jogador, com o objetivo de dar oportunidades e condições para crianças e jovens que desejam chegar ao futebol profissional.
Com bons resultados na categoria masculina, Ferraz percebeu que estava na hora de expandir o projeto com uma equipe feminina, visando as competições nacionais. Desde o início, muitas meninas já procuravam o projeto em busca de uma oportunidade de jogar futebol.
“A gente começou a ver o crescimento do futebol feminino, e todas as vezes que a gente fazia peneiras, para captações no masculino, a procura das meninas era muito grande também. Então, eu, junto com meu irmão e o supervisor Vitinho, fomos nos reunindo e se organizando para em algum momento começarmos o feminino”, diz Victor Ferraz.
Foi então que, em setembro de 2021, a equipe feminina do VF4 começou a dar os primeiros passos. Para ajudar na construção do time, Victor Ferraz convidou o técnico Guilherme Paiva, nome experiente e vitorioso da modalidade na Paraíba, para comandar a equipe. Na época, Guilherme estava na comissão técnica do Botafogo-PB, e prontamente aceitou encarar o novo desafio.
“A gente (Guilherme e Ferraz) já tinha uma amizade, jogamos juntos quando éramos moleques, e ele falou até na humildade, que sabia que eu estava no Botafogo, um time de camisa, o maior time da Paraíba. Mas eu disse ao Victor que mesmo ficando lá eu o ajudaria com a equipe feminina. Terminou que ele nessa conversa aí, se engajou total, ajudou completamente no projeto do VF4”, relembra o treinador.
Mesmo com o centro de treinamento próprio para a equipe feminina ainda para ser inaugurado no início deste ano, as jogadoras já utilizam a estrutura do CT do VF4. Além disso, o clube oferece material esportivo, alojamento, alimentação, transporte e remuneração. Victor Ferraz reconhece que toda a estrutura e suporte oferecidos ainda não são os ideais, mas o planejamento é melhorar isso a longo prazo.
“A gente procura fazer um trabalho bem legal, para que as meninas pensem em só se preparar e jogar futebol. Obviamente, ainda é pouco para o que a gente sonha para o VF4, temos sonhos bem ambiciosos, de se tornar uma referência aqui no Nordeste no futebol feminino. Mas, como o VF4 sempre faz, ele vai galgando o passo a passo, hoje nós estamos neste estágio”, destaca Ferraz.
Título estadual sempre foi objetivo
Para Guilherme Paiva, a trajetória do VF4 ao longo do campeonato paraibano se confunde com a do próprio projeto. A equipe foi criada a dois meses do início do torneio estadual, por conta disso, nem Victor Ferraz e a diretoria acreditavam muito na conquista do título de imediato. No entanto, Guilherme sempre acreditou que o time poderia levantar a taça de campeão paraibano.
“Sempre o objetivo foi esse, de ser campeão paraibano. Passei isso para as meninas desde o primeiro treino, que só havia um lugar, que era no maior degrau do pódio. Talvez nem o Victor e a diretoria acreditassem muito, por ser um projeto novo, por estar começando, mas a gente já tinha uma história no futebol feminino”.
Ao longo da competição, o VF4 mostrou que poderia chegar longe, mesmo não sendo um dos cotados para o título. Na primeira fase venceu dois jogos e perdeu apenas um, diante do Botafogo-PB, que viria a ser o seu adversário na final. Com isso, ficou em segundo lugar do grupo A, avançando para o mata-mata. Nas semifinais, venceu o Treze por 2 a 1 e garantiu a vaga para a decisão contra o Botafogo-PB.
Na final, o favoritismo estava ao lado do Botafogo-PB, que além de ter a melhor campanha da competição, buscava conquistar o seu sétimo título estadual e aumentar ainda mais a hegemonia do clube no futebol feminino paraibano. No entanto, o VF4 chegou confiante para a decisão. Diante de um jogo equilibrado, a experiência de Guilherme e de algumas jogadoras do VF4 e o conhecimento a respeito do Botafogo-PB foram determinantes para a equipe pessoense empatar o jogo em 1 a 1 e conquistar a taça nos pênaltis.
“Em relação à final, nós já tínhamos jogado com o Botafogo. Eu conheço todas as atletas do Botafogo de perto, conheço principalmente a estratégia de jogo da treinadora do Botafogo, então a gente já sabia o que vinha”, reforçou o treinador.
O primeiro título da história do VF4 não só surpreendeu muitos torcedores e outras pessoas que acompanham a modalidade no estado, mas também o próprio Victor Ferraz.
“Foi algo que nos deixou, de certa forma, surpresos e felizes. Nossa primeira oportunidade no futebol feminino, mesmo tendo algumas jogadoras mais experientes na competição e um treinador já consolidado e muito vitorioso, que é o Guilherme, dentro da Paraíba e do futebol feminino”, afirmou o idealizador do VF4.
Planos para 2022
Com 2022 já batendo na porta, o VF4 já começa a se planejar para o próximo ano, que promete ser de muito trabalho. A conquista do estadual fez com que o time de João Pessoa garantisse o direito de disputar a Série A3 do Campeonato Brasileiro Feminino. Com o calendário cheio, a esperança é de ter um ano muito mais produtivo do que já foi em 2021.
“A expectativa é a melhor possível para o próximo ano. A gente tinha um projeto novo, sem calendário, sem nada, e em pouco tempo de trabalho, nós nos sagramos campeões paraibanos. Imagina o que podemos fazer no próximo ano, com calendário o ano inteiro? Então, com certeza vai ser um ano de muita vitória e vai ser a afirmação do VF4 no futebol feminino paraibano”. Diz Guilherme, confiante.
Já para o idealizador do projeto, o ano de 2022 promete ser desafiador, mas também está otimista para o crescimento da equipe ao longo do calendário de competições.
“Ano que vem é um ano bem desafiador para a gente, um ano com calendário completo. Mas, era algo que a gente buscava e estava bem preparado para isso. Tenho certeza que vai ser um grande ano para o VF4, em que vamos conseguir dar mais oportunidade para mais meninas. Quando você tem mais jogos, você consegue fazer com que os clubes vejam mais meninas, então você gera mais oportunidades.”
Deixe seu comentário