Federação Francesa divulga plano de profissionalização de árbitras 

Por: Mariana Santos 

A Federação Francesa de Futebol (FFF) lançou na última quinta (9) um projeto de profissionalização das árbitras de futebol no país. A princípio, foram oito árbitras escolhidas pela federação, as centrais: Victoria Beyer, Alexandra Collin, Savina Elbour e Maika Vanderstichel e as assistentes: Clothilde Brassart, Stéphanie Di Benedetto, Jennifer Maubacq e Nabila Zaouak. Aprovado pelo Comitê Executivo da FFF, o plano será implantado durante a próxima temporada da D1 Arkema, primeira divisão do Campeonato Francês feminino. 

Segundo divulgado pela Federação, elas receberão um subsídio mensal de preparação, que será adicionado ao da partida. Além dos três cursos usuais no Centro Técnico Nacional para árbitros da D1 Arkema, as árbitras terão que seguir também outros quatro cursos específicos de três dias durante a temporada.

Na divulgação, a FFF entrevistou Maika Vanderstichel, uma das quatro centrais selecionadas. “Estou feliz em embarcar nesse plano de profissionalização. É um avanço incontestável para a arbitragem feminina. Eu vejo isso como uma fonte de progresso. Eu teria mais tempo e meios para me dedicar à minha função de árbitra”, afirmou. 

A Federação Francesa acredita que o plano possa elevar o nível da arbitragem feminina francesa e torná-la uma referência internacional. O projeto deve se desenvolver nas próximas temporadas.

Arbitragem brasileira 

Diferente das diretrizes seguidas pela Federação Francesa, a arbitragem no Brasil tem uma regulamentação própria com a Lei nº 12.867, de 2013. Mas apesar da legislação, a realidade no país é diferente da proposta pela FFF. A Lei Pelé 9.615/98 estabelece que o árbitro não pode ser empregado das entidades com as quais se relaciona, ou seja, ele somente presta serviços por tarefa e sem vínculo de emprego.

A remuneração dos árbitros é feita por jogo e eles são selecionados por sorteio realizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Sendo assim, pode ser que um árbitro esteja em todas as rodadas das competições ou não, caso não seja sorteado. Isso também depende da federação a qual ele pertence, que muitas vezes não possui um calendário de jogos durante todo o ano.

Se a arbitragem é uma profissão instável para a categoria masculina, imagina para as mulheres que tentam seguir nessa profissão. Dificilmente temos árbitras nas partidas masculinas nas principais competições do Brasil. Em 2019, a paranaense Edina Alves Batista apitou a partida entre CSA e Goiás, pela Série A do Brasileiro, no dia 27 de maio. O fato ocorreu após 14 anos sem a presença feminina na principal divisão do futebol brasileiro.  

Após representaram a arbitragem brasileira na Copa do Mundo Feminina FIFA Sub-17 e Sub-20 nas edições dos anos 2016 e 2018, o trio de árbitras composto por Edina, Neuza Back e Tatiane Sacilotti apitaram a semifinal da Copa do Mundo Feminina da França em 2019, na partida entre Estados Unidos e Inglaterra. Merecidamente, Edina foi eleita a quarta melhor árbitra do mundo no ano. Segundo ranking divulgado pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS), a brasileira ficou entre as melhores do mundo após uma eleição realizada por 90 especialistas do esporte. 

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Edina Alves Batista apitou quatro jogos da Copa do Mundo Feminina da FIFA de 2019 – Foto: Rodrigo Corsi/FPF

Para dar impulsos à arbitragem feminina, a CBF, por meio da Comissão de Arbitragem, solicitou à FIFA a ampliação do número de árbitras centrais e assistentes no Quadro Internacional para 2020, em razão do aumento do número de competições de futebol feminino no país e da notória qualificação técnica e física das árbitras, como divulgado pela Confederação. A FIFA respondeu positivamente ao pleito e autorizou a inclusão de mais uma árbitra e uma assistente para este ano. Com essa ampliação no número de vagas, a CBF indicou os nomes da árbitra Charly Wendy Straub Deretti, de Santa Catarina, e da árbitra assistente Bárbara Roberta da Costa Loiola, do Pará, para serem analisadas pelo Departamento de Arbitragem da FIFA. 

Aos poucos as mulheres têm ocupado mais espaços no mundo do futebol. O que falta são oportunidades e vontade das federações para que isso ocorra com frequência. A Federação Francesa desponta com uma iniciativa de qualificação das árbitras e serve de exemplo para os demais países. Edina, Neuza e Tatiane conquistaram um espaço que antes parecia distante e agora esses lugares podem ser ocupados também por outras profissionais qualificadas. 

 

Jornalista e Profissional de Educação Física. Pernambucana, bairrista por natureza, vivendo a máxima Gonzaguista: “Minha vida é andar por esse país”. Apaixonada por futebol desde que respira. Atualmente vive em São Paulo, e tem como sonho ajudar a conduzir o futebol feminino ao topo. Fora das quatro linhas, gosta de ler, pedalar, explorar a natureza e é obcecada pela ideia de estar sempre criando algo novo.