Promessas: Pietra Souza

A série Promessas retorna para o sul do Brasil para conhecer a história da Pietra. A guria da vila conquista os olhares com o seu bom futebol, e pertence a uma base que sonha em representar a seleção no futuro. 

Por: Amanda Porfirio

Sorriso no rosto, persistência e muita vontade de ser melhor a cada dia. Quem vê a Pietra Souza em campo, sequer diz que ela tem apenas 10 anos de idade. Os pés da guria tem experiência e desempenho de uma atleta que entende o que é profissionalismo. Não à toa, ela joga lado a lado de Juju Gol e Natália Pereira, nomes que já passaram por esta série, e apresentam um estilo de futebol que encanta. 

Para Pietra a “brincadeira” começou com quatro anos de idade, quando ela acompanhava o pai em jogos de futebol. “Eu comecei a ir com eles nos campinhos e bater uma bolinha. Era muito legal! Ele foi o meu maior incentivo para começar”, explica. Em um período curto de tempo, ela foi percebendo que queria ir mais além no futebol. “Com sete anos eu comecei a participar de escolinhas, disputar jogos, foi aí que eu fui vendo que era isso que eu queria fazer na minha vida”, complementa. 

Imagem: Arquivo pessoal

Como ela mesma diz, o futebol passou a ficar mais profissional a partir dos sete anos, quando entrou na escolinha Santa Mônica, no Paraná. Hoje, além da escolinha, Pietra se divide também no Paraná clube, Life Academy e Centro Olímpico, este último em treinamentos de uma semana por mês, na cidade de São Paulo. Com o acúmulo de clubes e escolinhas, ela passa a ter uma semana completamente cheia, que também é complementada com os estudos, claro. 

Mas para quem pensa que a rotina é um sacrifício para Pietra, se engana. “Eu gosto muito dessas experiências, porque consigo jogar com meninos, meninas, e isso melhora bastante meu desempenho”, afirma. 

 

 

Acompanhamento de perto 

Quem não desgruda os olhos dos dribles e lances da Pietra desde o início é o seu pai, Anderson Souza, que trabalha como Representante Comercial, e atualmente dedica 80% da vida à carreira da filha. “Eu faço o que eu posso para estar sempre com ela. Só não dá quando há choque de horário com as demandas do serviço”, descreve. 

Ele também revela que uma das grandes dificuldades no início foi o processo de federalização da Pietra. “É muito difícil federalizar. Você tem que encontrar um clube que der o aceite, a Federação também precisa dar o aceite. Muitas vezes é complicado, porque as Federações não querem aceitar que meninas joguem com meninos”, lamenta. Pietra é uma das três garotas que são federalizadas atualmente no Brasil. Seu processo de federalização foi aceito pelo Santa Mônica e pela Federação Paranense de Futsal. “Sem isso, ela não poderia disputar determinadas competições”, explica Anderson. 

Outra situação que ainda ocorre, segundo ele, é o preconceito. “Há uma semana participamos de uma competição aqui no Paraná, e você via pais de outros garotos pedindo pra eles baterem nas meninas, dizendo pra ir pra casa brincar de Barbie. Eu estou falando de semana passada, é lamentável!”, descreve. 

Athletico de olho 

Imagem: Reprodução redes sociais

Driblando as dificuldades e vencendo algumas barreiras, como toda garota que decide jogar futebol no Brasil, Pietra tem chamado a atenção de clubes grandes. O Athletico Paranaense, seu clube de coração, que atualmente divulgou que assumirá uma equipe feminina independente, tem planos para a guria. “Eles chamaram a Pietra para passar por um monitoramento. Ela foi a única menina entre cerca de 40 atletas que foram monitorados pelo Athletico . Além disso, é a única menina da história do clube a passar por esse monitoramento que reúne atletas do Brasil inteiro. Foi muito importante para ela”, descreve Anderson. 

No Momento o Athletico não tem equipes de base para incluir a Pietra, mas há planos para algo futuro em que a guria tem grande chance de estar entre as selecionadas. A guria também não conta atualmente com patrocínio, que muitas vezes dificulta ainda mais a manutenção dos seus treinos, especialmente as viagens para São Paulo, onde ocorrem os treinamentos do Centro Olímpico. Todos os gastos são financiados pelos pais. “Realmente é muito difícil manter os recursos, mas nos esforçamos bastante porque sabemos que é importante para ela. Seria excelente se conseguíssemos um apoio de alguma marca que apostasse no futebol dela”, explica Anderson.

Foco na seleção

Ao ser perguntada sobre seu maior sonho, Pietra responde sem titubear. “Quero muito estar na seleção brasileira no futuro e poder representar meu país. Além disso também gostaria de jogar na Europa, acredito que lá há uma estrutura superior que me ajudaria muito”, revela, mas sempre lembrando que está de olho no Brasil também. “Corinthians, São Paulo e Athlético Paranaense são equipes que gostaria muito de defender. Espero que o planejamento do Athlético avance rápido, porque seria muito feliz defendendo a camisa do meu time”, confessa.

Ao pensar em jogadores de referência, Pietra aponta Arthur do Barcelona e Andressa Alves do Roma como suas maiores inspirações, e deixa um recado para as meninas que sonham em jogar futebol. “Não desistam! Tenham foco e não liguem para as pessoas que falam mal. Apenas foquem nos seus sonhos e sigam firme”.  

 

Redes Sociais da Pietra:

Instagram: @pepe.fut.09

Jornalista e Profissional de Educação Física. Pernambucana, bairrista por natureza, vivendo a máxima Gonzaguista: “Minha vida é andar por esse país”. Apaixonada por futebol desde que respira. Atualmente vive em São Paulo, e tem como sonho ajudar a conduzir o futebol feminino ao topo. Fora das quatro linhas, gosta de ler, pedalar, explorar a natureza e é obcecada pela ideia de estar sempre criando algo novo.
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